
Você sempre dá um jeito. Quando tudo parece fora do lugar, é você quem corre, ajeita, organiza, resolve. Você assume responsabilidades que nem sempre são suas, carrega nas costas o peso do mundo, ajuda todo mundo a seguir em frente. Às vezes parece que você nasceu para ser abrigo, apoio, solução. Mas mesmo quem é abrigo também precisa de um canto para descansar. Mesmo quem é forte precisa parar. Porque ser forte o tempo inteiro cansa.
Quem cuida de todo mundo também precisa ser cuidada. Quem ouve, quem ampara, quem consola, quem segura a barra dos outros… também sente. Também sofre. Também precisa de colo. Às vezes, o coração aperta, mas você finge que está tudo bem, engole o choro, respira fundo e segue. Só que isso tem um limite. Quem dá conta de tudo uma hora transborda. E está tudo bem transbordar. Está tudo bem não aguentar o tempo todo.
Você pode, sim, parar um pouco. Você pode respirar, pode dizer que está cansada, pode chorar. Você pode pedir ajuda. Isso não te faz menor. Não te faz fraca. Não te faz incapaz. Isso te faz humana. A verdade é que ninguém aguenta ser forte o tempo todo. Ninguém consegue ser porto seguro sem, às vezes, precisar de um cais pra ancorar. E você não nasceu pra ser porto de todo mundo enquanto naufraga sozinha.
Você merece pausa. Merece silêncio. Merece descanso. Merece paz. Merece colo. Merece alguém que olhe nos seus olhos e diga: “Você não precisa ser tudo pra todos.” E você merece acreditar nisso. Porque até o sol, tão brilhante e imenso, se põe no fim do dia pra descansar. Até a natureza sabe que existe hora de parar. Você também pode parar. E, mais que isso, você precisa.
Parar não é desistir. É se respeitar. É ouvir o próprio corpo, o próprio coração. É entender que autocuidado não é egoísmo. É necessidade. É sabedoria. Você tem valor mesmo quando não está produzindo. Você é importante mesmo quando não está resolvendo tudo. Você merece amor mesmo quando não está sorrindo.
A gente vive em um mundo que cobra demais e acolhe de menos. Que exige resultados, pressiona por perfeição e não nos ensina a pausar. Mas a pausa é sagrada. O silêncio é cura. O descanso é força. Porque quem se respeita, se cura. E quem se cura, volta inteira. Volta com mais leveza, mais verdade, mais capacidade de amar – inclusive a si mesma.
Você não precisa carregar tudo sozinha. Não precisa se provar o tempo inteiro. Não precisa esconder o cansaço pra parecer forte. A força também mora na coragem de dizer: “Eu preciso de um tempo.” A força também vive no gesto de cuidar de si. No gesto de se acolher. De se ouvir. De se abraçar com carinho, com paciência, com verdade.
Permita-se parar. Permita-se sentir. Permita-se descansar. E se alguém disser que isso é fraqueza, apenas sorria com a sabedoria de quem entendeu que a verdadeira força está no equilíbrio. Que ser forte também é saber quando é hora de cuidar de si. Porque quando você se respeita, você se cura. E quando você se cura, o mundo ao seu redor também começa a mudar.