
Durante muito tempo, eu carreguei um peso que ninguém me pediu para carregar: o de tentar ser insubstituível na vida dos outros. Era como se eu precisasse me provar o tempo inteiro… como se eu tivesse que ser sempre a joia rara, a pessoa memorável, alguém impossível de trocar.
Só que a vida como sempre faz foi me mostrando, devagar e com certa delicadeza, que isso não é apenas impossível, é injusto comigo mesmo.
Porque a verdade é simples:
eu sou substituível.
E tudo bem.
No dia em que aceitei isso, algo dentro de mim se realinhou.
A pressão diminuiu, a ansiedade silenciou e o amor-próprio se ajeitou no lugar que sempre foi dele. Eu parei de me cobrar para ser extraordinário o tempo inteiro e passei a ser apenas… eu. Sem exageros, sem ilusões, sem a fantasia de que alguém não sobreviveria sem a minha presença.
Porque quem quiser que eu fique, vai me deixar ficar.
E quem quiser me substituir, vai conseguir e isso não diminui o meu valor em absolutamente nada.
A gente tem essa mania de achar que ser trocado significa ser pequeno. Não significa.
Significa apenas que cada pessoa tem o direito de escolher o que quer viver, e nós temos o dever de aceitar que não controlamos isso.
O que ninguém me contou mas eu aprendi é que existe uma liberdade enorme em entender que ninguém é insubstituível.
Que não ser “o melhor” de alguém não nos torna “o pior”.
E que não precisar caber na expectativa de ninguém é uma forma profunda de paz.
O que realmente importa é saber que, mesmo substituível, eu sou único.
Não existe outro eu e é justamente isso que torna as conexões verdadeiras tão especiais: elas acontecem não porque somos indispensáveis, mas porque somos sinceros.
Hoje eu caminho mais leve.
Entendo que permanecer na vida de alguém é sempre uma escolha mútua, um movimento que nasce de ambas as partes.
E sei que tudo o que é verdadeiro permanece não porque não pode ser substituído, mas porque não quer ser.
Aceitar isso não diminui quem eu sou.
Pelo contrário me devolve.
— André Luiz Santiago Eleutério