
Os Sinais da Autenticidade por André Luiz Santiago Eleutério
Cada pessoa carrega em si uma maneira única de existir. Alguns são intensos, outros mais reservados. Uns falam muito, outros preferem o silêncio. O curioso é que, de uma forma ou de outra, sempre deixamos sinais de quem somos. Às vezes discretos, às vezes escancarados, mas sempre presentes.
O problema é que nem todo mundo enxerga. A pressa do cotidiano, a superficialidade das conversas e a mania de querer enquadrar os outros em padrões acabam cegando os olhos de quem poderia perceber. É mais fácil apontar o dedo e dizer o que é normal ou anormal do que realmente tentar compreender.
Eu acredito que ninguém precisa se justificar por ser quem é. A vida já exige demais de todos nós, e ainda assim muita gente insiste em criar regras invisíveis sobre como devemos nos comportar, falar ou até sentir. Quando tentamos seguir esses roteiros, a única coisa que acontece é perdermos a conexão com nossa própria essência.
Quem se permite ser autêntico acaba, inevitavelmente, deixando pistas. Nem sempre essas pistas são agradáveis ou fáceis de interpretar. Mas elas estão ali, como pequenas janelas abertas, mostrando que existe uma verdade dentro de nós que não cabe em máscaras nem em papéis sociais. É claro que isso pode incomodar quem prefere conviver apenas com o previsível.
Relacionamentos, sejam de amizade ou de afeto, só florescem de verdade quando existe disposição para perceber os sinais. E perceber não significa controlar, muito menos julgar. Significa estar atento, escutar com interesse e respeitar a maneira do outro se mostrar. A vida fica mais leve quando entendemos que ninguém veio ao mundo para cumprir as expectativas alheias.
Também é importante reconhecer que muitas vezes nós mesmos ignoramos nossos próprios sinais. Quantas vezes sentimos que algo não estava certo, mas insistimos no caminho oposto? Quantas vezes nos calamos quando deveríamos falar ou sorrimos quando queríamos chorar? Esses desencontros internos acabam nos afastando daquilo que realmente somos.
A autenticidade não é uma bandeira para ser levantada, nem uma justificativa para os nossos erros. Ela é apenas o estado mais honesto em que podemos viver. Estar em paz com quem somos é um processo contínuo, que exige coragem e, ao mesmo tempo, generosidade com nossas falhas.
É claro que nem todos estarão preparados para aceitar esse jeito de ser. Alguns preferirão rotular, outros simplesmente se afastarão. E está tudo bem. A vida também é feita de escolhas, e escolher estar perto de quem nos enxerga de verdade é um gesto de cuidado conosco mesmos.
No fim, os sinais sempre existiram. Quem quis enxergar, enxergou. Quem não quis, seguiu em frente. O que importa é que, em meio a tantas cobranças e padrões, ainda resta a possibilidade de ser inteiro, verdadeiro e livre. E isso já é mais do que suficiente.