A lei do retorno nem sempre espera
Por André Luiz Santiago Eleutério
O tempo molda perspectivas e redefine limites. Durante anos, muitas escolhas foram feitas em nome de uma harmonia que nunca foi recíproca. O silêncio foi imposto como resposta a situações que exigiam voz. A compreensão foi oferecida sem garantia de retorno. E a paciência, frequentemente confundida com fraqueza, tornou-se um peso invisível, sustentando dinâmicas que nunca deveriam ter existido.
Há um ponto em que a balança se inclina para o outro lado. Não por vingança, mas pela simples necessidade de ajuste. Se por muito tempo um lado cede, o outro se acostuma a tomar. E quando esse ciclo se rompe, o impacto é inevitável. O que antes era aceitação transforma-se em posicionamento. O que antes era silêncio torna-se ausência. E a energia antes dedicada a manter uma falsa paz é direcionada para outra coisa: a restituição.
A lei do retorno não opera sob prazos definidos. Às vezes, é um ciclo lento, quase imperceptível. Outras vezes, é imediato. Mas uma verdade permanece: o retorno sempre chega. Quando a paciência se esgota e a compreensão se desfaz, aquilo que foi oferecido ao outro retorna na exata medida.
Não se trata de revanchismo, mas de equilíbrio. O que foi semeado inevitavelmente será colhido. E quando a colheita chega, não há surpresa para quem soube exatamente o que plantou.