
Conviver com pessoas que só enxergam o que sentem, mas nunca o que causam, é uma das experiências mais desgastantes que alguém pode ter. É como andar com alguém que só olha para os próprios pés — nunca percebe quando pisa no seu.
E durante muito tempo, eu tentei justificar, explicar, acolher… fingir que não doía. Porque a gente sempre acredita que, com paciência, o outro vai perceber. Que uma hora a ficha cai, que as atitudes mudam, que o cuidado aparece.
Mas o problema não é a falta de percepção do outro.
O problema é o esforço gigantesco que você faz para continuar onde não existe reciprocidade emocional.
E isso esgota.
Porque ensinar empatia o tempo todo não é amor é sobrevivência emocional mal distribuída. Você se desgasta tentando equilibrar uma relação onde só você sente, só você pensa, só você percebe. E, de forma quase cruel, acaba carregando culpas que nem são suas.
Existe um tipo de pessoa que sabe exatamente o que sente, mas não tem a menor ideia do que provoca. Ou pior: até sabe, mas prefere não lidar com isso.
E aí você vira o “exagerado”.
O “sensível demais”.
O “que cobra muito”.
Mas a verdade é simples: você só está cansado de segurar sozinho uma responsabilidade que deveria ser compartilhada.
Empatia não pode ser uma explicação diária. Não pode ser uma aula que você dá enquanto tenta manter a relação viva.
Empatia se mostra em atitudes, não em desculpas prontas.
E quando alguém escolhe não enxergar o efeito das próprias ações, está escolhendo, também, não cuidar de você.
E cuidar de quem não cuida acaba corroendo o seu amor-próprio de um jeito silencioso.
Chega uma hora em que você entende que não é sua função ensinar tudo. Que não é sua função carregar todo o peso emocional. Que não é sua função ser adulto em relações onde o outro insiste em permanecer emocionalmente infantil.
E dói… mas alivía.
Porque quando você se liberta dessa missão que nunca foi sua, descobre algo importante:
existem pessoas que entendem o que causa. Que prestam atenção. Que têm responsabilidade afetiva.
E é com esse tipo de gente que você merece estar.
No fim, conviver com quem não sabe sentir o outro só ensina uma lição:
você não precisa se diminuir para caber na falta de empatia de ninguém.
— Andre Luiz Santiago Eleuterio