
Você acredita que está no controle da sua vida.
Mas, na verdade, você só aprendeu a sobreviver.
E há uma diferença enorme entre sobreviver e viver.
Você repete padrões, revive dores, escolhe pessoas parecidas, reage do mesmo jeito e depois se pergunta por que tudo parece um ciclo sem fim.
A resposta é simples e cruel: porque é.
Enquanto você não entender o que te programa, continuará sendo apenas uma repetição disfarçada de escolha.
Não é livre-arbítrio, é condicionamento.
Você se engana dizendo que tem domínio sobre suas decisões, mas a verdade é que a maior parte do que faz vem de um subconsciente ferido, que aprendeu a se proteger antes de se permitir.
E essa proteção, que um dia foi necessária, hoje é uma prisão invisível.
Você não escolhe quem ama repete o amor que entendeu lá atrás.
Você não decide quem confia só reconhece o padrão de quem um dia te feriu.
Você não erra por burrice erra porque está preso à sua programação emocional.
E, por mais que doa, admitir isso é o primeiro passo para mudar.
Porque enquanto você continuar acreditando que está no controle, vai seguir culpando o mundo por algo que é apenas reflexo de si mesmo.
A coragem não está em dizer “agora vai ser diferente”.
Está em olhar para dentro e perceber que quem dirige sua vida não é você, mas o medo que te ensinou a sobreviver.
E o medo é um motorista perigoso ele só sabe frear, nunca acelerar.
Você vive no piloto automático e chama isso de destino.
Chama de “minha personalidade”, de “meu jeito”.
Mas, na verdade, é o mesmo roteiro que se repete porque você ainda não teve coragem de apagar a cena.
Viver exige reprogramação.
E reprogramar dói, porque obriga você a confrontar o que evitou a vida inteira.
Exige reconhecer que o que te protegeu na infância, hoje te impede de crescer.
Que a força que você acha que tem é, na verdade, um escudo levantado pelo medo de sentir de novo.
Livre-arbítrio não é escolher o que te dói menos é escolher o que te cura, mesmo que doa mais.
É olhar para o espelho e dizer: “não sou mais meu passado”.
É quebrar o ciclo de sobrevivência e, pela primeira vez, permitir-se viver com consciência, e não com medo.
Você não está preso no destino.
Está preso na própria mente.
E a chave, ainda que enferrujada, sempre esteve nas suas mãos.
— André Santiago