O verdadeiro sentido do amor está nos pequenos gestos do dia a dia

Foto de André Luiz Santiago Eleutério, autor do Pensamento Diário com reflexões emocionais sobre a vida
André Luiz Santiago Eleutério

No fim das contas, não são os grandes feitos, as viagens extraordinárias ou os jantares caros que sustentam o amor. É no ordinário, no cotidiano sem filtro e sem roteiro, que ele se revela com mais força. Depois de um dia difícil, quando tudo parece ter dado errado, o que realmente importa é ter alguém que te receba com um abraço silencioso e verdadeiro. Um abraço que não pede explicações, que não precisa de palavras. Só estar ali já é o bastante.

O amor, no seu estado mais puro, não é feito de promessas eternas, mas de presenças constantes. Ele se constrói no “bom dia” sussurrado de olhos ainda fechados, no café coado com carinho, no silêncio confortável de quem não precisa encher o ar de palavras para sentir companhia. É poder chegar em casa, largar os sapatos, sentar na beira da cama e simplesmente conversar. Falar sobre o que doeu, o que irritou, o que cansou. E também sobre o que fez rir, mesmo que por um instante. É essa conversa despretensiosa, íntima, que afaga a alma e diz, sem dizer, “estou aqui por você”.

O amor não grita. Ele cuida, observa, aprende o outro com o tempo. Sabe que certos silêncios dizem mais que discursos. Que há dias em que a melhor forma de apoio é só estar. Ouvir sem julgar, olhar nos olhos e sorrir sem motivo, apenas porque estar junto faz bem. Essa sorte de ter alguém que escolhe ficar, mesmo quando você não está nos seus melhores dias, é rara. E preciosa.

Há beleza em dividir uma rotina. Em saber que alguém vai lembrar de como você gosta do seu pão, do jeito que prefere a toalha dobrada, da sua mania de assistir sempre ao mesmo filme. São esses detalhes que, acumulados, viram alicerce. Amor também é saber ceder, pedir desculpas, rir de coisas bobas, perder a hora juntos, planejar uma vida mesmo sem saber o que o futuro traz.

Muita gente procura o amor como quem caça um troféu. Esperam o impacto, o frio na barriga constante, as borboletas em estado de festa. Mas o amor maduro não vive em festa. Ele mora nos intervalos. Nos dias comuns, no dividir de tarefas, no cuidar sem que seja pedido, no saber calar na hora certa e falar quando é preciso. Mora na paciência, na insistência e na escolha diária de continuar.

Quando você senta ao lado de alguém, depois de um dia péssimo, e encontra alívio só de encostar o ombro, isso é amor. Quando você olha para a pessoa e pensa “como sou sortudo por ter esse alguém”, mesmo com todos os defeitos, com todas as falhas e tropeços — isso é amor. Não o idealizado, não o perfeito, mas o real. O que vale.

No fim, amar é sobre partilhar a vida com alguém que te reconhece nos detalhes, que te aceita nas falhas e celebra suas pequenas vitórias. É construir algo sólido sobre o terreno instável dos dias imprevisíveis. É não precisar fingir força o tempo todo, porque há um colo esperando. Amar é saber que, aconteça o que acontecer lá fora, você tem para onde voltar.

É por isso que, mais do que procurar o amor, é preciso aprender a percebê-lo. Porque muitas vezes ele já está ali, quieto, constante, feito raiz. E só nos damos conta de sua grandiosidade quando paramos de buscar os fogos de artifício e passamos a valorizar a chama que não apaga. O amor, afinal, não é sobre o que faz barulho. É sobre o que permanece.

Andre Luiz Santos Santiago Eleuterio

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