Andre Luiz Santiago Eleutério – Pessoas que machucam, se fazem de vítimas e ainda tentam destruir quem feriram”

Foto de André Luiz Santiago Eleutério, autor do Pensamento Diário com reflexões emocionais sobre a vida
André Luiz Santiago Eleutério

Tem gente que fere e sai como se fosse o machucado. Gente que provoca estrago, causa confusão, vira a vida dos outros do avesso e ainda se apresenta como inocente, como se nunca tivesse feito nada. Não basta causar o mal — ainda querem parecer vítimas, como se o mundo tivesse sido cruel demais com eles. E mais: tentam arrastar para a lama quem tiveram o prazer de ferir. Tentam, com palavras e atitudes, inverter os papéis, como se fossem heróis de uma história que eles mesmos destruíram. Eu conheço gente assim. Talvez você também conheça.

É difícil lidar com esse tipo de pessoa. Elas sabem manipular. Sabem virar o jogo a favor delas. Contam uma versão dos fatos que faz os outros duvidarem de quem realmente foi atingido. É como se a dor da vítima fosse apagada e substituída por uma encenação bem montada, cheia de lágrimas falsas e discursos prontos. Enquanto isso, quem realmente sofreu se cala, tenta entender o que aconteceu, tenta se reerguer em silêncio, com o peito cheio de perguntas sem respostas.

E o pior: muitas vezes essas pessoas conseguem enganar. Elas vestem a máscara da bondade, da sinceridade, da fragilidade. Fazem os outros acreditarem que são frágeis demais para machucar alguém. Mas por dentro, sabem exatamente o que estão fazendo. Sabem onde bater, onde machuca mais. Sabem como manipular olhares, palavras e situações. E fazem isso com calma, com cálculo, como se cada movimento fosse parte de um plano.

Às vezes, a pessoa ferida é quem se culpa. Pensa que exagerou, que talvez tenha interpretado mal, que quem sabe merecia aquilo tudo. E não merecia. Nenhum sofrimento causado de propósito é justificável. Nenhuma dor plantada no coração de alguém é leve. Mesmo que o outro não veja, a dor pesa. Mesmo que ninguém acredite, a dor existe.

Mas há um momento em que tudo muda. Em que a vítima percebe que não precisa provar nada para ninguém. Que sua dor é legítima, mesmo que o mundo não entenda. Que o silêncio que ela escolheu foi por dignidade, não por fraqueza. Que não falar foi uma forma de se proteger, de não se rebaixar ao mesmo nível de quem machucou. E quando essa consciência chega, algo dentro dela se fortalece. Ela para de tentar explicar e começa a se curar. Porque quem precisa de explicação para acreditar no sofrimento alheio talvez nunca tenha se importado de verdade.

É preciso coragem para não se vingar. É preciso força para não responder à maldade com mais maldade. Mas também é preciso sabedoria para não se calar diante da injustiça. Há momentos em que o silêncio nos preserva, mas há outros em que ele nos aprisiona. Saber a hora de falar, a hora de se afastar, a hora de seguir — isso é o que realmente liberta. A liberdade verdadeira não está em provar para o mundo que somos bons. Está em saber, no fundo da alma, que não fomos nós os causadores do mal.

Quem faz o mal e depois se pinta de santo não engana para sempre. Pode enganar alguns por um tempo, pode até construir uma imagem bonita diante dos olhos dos outros. Mas quem conhece de verdade, quem viveu na pele, quem sentiu a dor de cada palavra torta, de cada gesto frio, de cada mentira bem contada — esse sabe. E mesmo em silêncio, carrega a verdade.

O tempo revela. O tempo devolve. O tempo mostra quem é quem. Pode demorar, mas a verdade sempre encontra seu caminho. E quem feriu, por mais que tente se esconder atrás da imagem de vítima, um dia vai precisar encarar os próprios atos. Porque ninguém foge de si mesmo. Ninguém mente para o coração por muito tempo.

Então, se você foi ferido por alguém assim, não carregue essa dor como se fosse culpa sua. Não se sinta pequeno por ter sido enganado. Isso não diz nada sobre você, mas diz muito sobre quem fez. Continue sendo verdadeiro, mesmo que o mundo esteja cheio de máscaras. Porque a verdade tem um poder que nem todas as mentiras juntas conseguem apagar. E ela sempre volta, mais forte, mais clara, mais justa.

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